25.10.09

Crime e Castigo - Fiodor Dostoiévski


Raskólhnikov de louco, frívolo e assassino passou a ser humano completo e ciente sobre a vida. Foi ao extremo para comprovar sua teoria; matou. Não foi capaz, no entanto, de sustentar sua ideia inicial; culpou-se, angustiou-se pelas mortes causadas. Enlouqueceu ao se ver demasiado humano, e não gênio. Após infindas indagações interiores e buscas por explicações, decide se entregar. Sônia o acompanha à Sibéria. Lá, em um primeiro momento a desilusão e um novo sentimento: o de fraqueza. Julgou-se pusilânime por ter se entregado. Após cair doente, contudo, há uma reviravolta descrita tão rapidamente que se faz difícil de acompanhar. Sônia ao seu lado, uma vasta e bela paisagem a sua frente, e a golfada de ar que lhe arfa o peito; como se tivesse sentido a vida novamente. Agora que estava preso fisicamente, conseguira se libertar da prisão mental a qual estivera submetido. Acima de tudo, sentia amor; amor à Sônia. O livro termina de modo emocionante; fechei-o e o levei de encontro ao meu peito, tentando manter perto de mim aquela história tão bonita – que a muitos pode parecer apenas a história de um assassinato e percurso do vilão. Com Raskólhnikov aos pés de Sônia, Doistoiévksi descreve: “O amor ressuscitava-os, o coração de um encerrava infinitas fontes de vida para o coração do outro”; Raskólhnikov se reconectava com o mundo.
Dostoiévski conseguiu descrever as aflições psicológicas de um personagem complexo de forma tão intensa a modo de proporcionar ao leitor uma grande dose das angústias sentidas por ele. E, ao terminar, o renascimento de Raskólhnikov nos dá uma sensação de que ainda há algo para ser descoberto... Algum grande acontecimento – que não seja um assassinato, por favor – que nos colocará em conexão completa com o mundo; um sopro de epifania.
Tido como o pai do existencialismo, Fiodor insere Crime e Castigo nessa corrente, que tem como axioma a seguinte frase de Jean Paul Sartre: “A existência governa e precede a essência”. Daí advém a maneira como Dostoiévski descreve os dias de Raskólhnikov – maçantes, para olhos desatentos -, apenas “preenchendo páginas”. Tacitamente, encontra-se a busca pela essência, traduzida na aflição de Raskólhnikov.

20.10.09

"All I have to do is dream"



O mundo é feio, e a vida não é doce como supôs
Em sua inocência infantil
E você já nem sabe porque até aqui veio
Coisas ruins acontecem
Pessoas morrem na hora errada
Quem não devia está no comando
Não há lugar suficiente e nem todos comem
E mesmo que não apareça todo dia o Vietnã na tevê
A cada manhã o sol sangra
Pelas batalhas diárias que ele vê

Você tem vontade de chorar
De sentar no meio do caminho
E desistir
Como um fraco, como um tolo
Como alguém que se desesperou porque creu sozinho
Porque é tão triste perceber
Que a vida não dá certo para todos
Que você é inútil tantas vezes
Por não poder sanar a dor de quem quer bem
Não pode fazer uma roseira morta
Novamente florescer
Nem sanar a solidão da velhinha
Sentada no ônibus ao lado de um menino
Que lhe impede de conversar sobre o tempo
Pois tem fones no ouvido

Mas você tem a sua garota
E quando ela lhe envolve em seus braços
Todo o resto perde o foco
Pois ela é como uma balada romântica
Que acaricia seus ouvidos
E devolve o brilho aos seus olhos baços
Então você até acredita em sonhar
Quando ela imagina a casa no campo
No topo da colina
Com animais, lago e um pomar
Talvez seja esse o sentido da vida
É o que você ousa pensar
E já nem lembra dos antigos "ais"
Mas admite que nada disso precisa ser dito
Basta ouvir a gaita harmônica do Bob Dylan
Traduzindo toda a dor e toda a beleza
Transformando o mundo em notas musicais

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