5.11.09

SINESTESIA - As minhas e as tuas memórias


I. Eu queria rever meus amigos. O tempo da minha juventude, por algum motivo que no momento ignoro, não sai da minha cabeça... Eram bons dias aqueles em que corríamos juntos por aí, feito loucos que nada devem a ninguém. Não sei, deve ser a chuva. O dia está nublado e tudo ao meu redor cheira à nostalgia. Inclusive o perfume dela... Pude jurar que senti sua fragrância no ar.
Que merda!, fico melancólico nesses dias. Creio que seja porque não sinto vontade de sair de casa e o ócio me deixa muito pensativo. E a máxima de Descartes não se aplica a mim, definitivamente. "Cogito ergo sum"... Quanto mais eu penso, mais louco fico e quase deixo de existir - ao menos nesse mundo aqui. Lucidez excessiva não faz bem... Enxergar as coisas em demasia e se questionar constantemente pode ser muito perturbador. Eu fico me perguntando se a vida é só isso mesmo, ou se tem algo a mais a descobrir. Só quando escuto minhas músicas e leio meus autores preferidos meu coração parece serenar. O que sinto então é tão grandiosamente intenso que eu tenho que acreditar na vida - ainda que de maneira levemente cética. Mas agora não me sinto assim.
Não posso procurar meus amigos hoje... hoje não posso. Se fosse há alguns anos, eu provavelmente passaria a tarde lendo Jack Kerouac, cerrando as páginas do livro toda vem em que ficasse boquiaberta com as palavras do meu querido beatnik. Oh, companheiros de minha juventude... Sem dúvidas, não posso revê-los agora.
Se eu fecho os meus olhos e me concentro, quase posso sentir o toque dos teus lábios nos meus...

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