16.9.09




O livro é um relato jornalístico do assassinato de uma família do Kansas. Intercalando "cenas" da família e dos assassinos, Capote vai dirigindo a narrativa para o seu ápice, seu clímax, que se dá no momento em que uma amiga da família encontra o corpo de Nancy, filha dos Clutter.
As palavras são pensadas e posicionadas em frases construídas com o propósito de "dar vida" a essa terrível história - o que poderia parecer contraditório, não fossem inumeráveis os casos de notícias relatadas como anúncios de publicidade; os fatos pelos fatos. No entanto, o acontecimento apenas exposto na mídia seria rapidamente esquecido. Um assassinato, por mais pérfido que seja, não choca as pessoas por muito tempo; torna-se parte do cotidiano ouvir esse tipo de crime em noticiários. Capote, miscigenando apuro jornalístico, sensibilidade e uma alma literária, encontrou a forma correta de eternizar essa crueldade transformada em livro em 1966. Ele viveu a história que contou ao mundo, envolveu-se com a matéria, foi a fundo naquilo, quebrando a barreira das reportagens convencionais. E isso se chama Novo Jornalismo, apesar de Capote afirmar sua obra como sendo apenas um romance não-ficcional.
De fato, não há ficção; há apenas a realidade - tal como é, penetrante, infeliz e inesquecível. Que fossem relatadas assim todas as injustiças que nos rodeiam, de forma que as imagens colassem em nossas retinas e não nos deixassem dormir - dessa maneira, seríamos obrigados a agir para que pudéssemos serenar novamente. É esse o jornalismo de verdade, o jornalismo que eu busco: aquele que não apenas relata o passado, mas incita a mudança no futuro.

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