7.8.09

Todos riam despreocupadamente. Seus olhos emitiam o brilho da beleza e do bem-estar. A comida era tão farta quanto a hipocrisia. Conversas paralelas, cada uma mais alegre do que a outra, originavam um constante burburinho na sala e uma celeuma na minha cabeça. "Eu quero, sinceramente, descer de uma Mercedez vestindo um terno e ser chamado de doutor." Os sorrisos, forçando aparentar conforto, eram atestados de que os que ali estavam encontraram seu caminho e se deram bem na vida. E por qual outro motivo estariam ali se não esse?? "Eu fui efetivada!" O ar na sala ficava mais pesado a cada gargalhada que ecoava. Méritos e conquistas adquiriam asas e voavam pela grande e sufocante sala. Mas tudo estava bem. Tudo tinha que estar bem, não tinha? Crescemos, ora essa. É dever dos adultos construir uma família, ter seus filhos e ser feliz; mostrar isso aos outros, por que não? Qual o problema em copartilhar com os ex-colegas colegiais toda essa exuberante felicidade? Ex-colegas de sonhos; ex-colegas repletos de ideais comuns; ex-colegas esperançosos, jovens, com sede por fazer alguma coisa para mudar qualquer coisa; ex-colegas planejando um futuro juntos; ex-amigos. Crescemos? Mudamos. E esquecemos de mudar juntos. Os olhos não são os mesmos, por que os sonhos seriam? "Aprendi que na vida o jeito é ser egoísta, por que os outros são egoístas comigo." Mas os risos não cessavam, assim como o tempo não voltava. Celebrar!, era o que podiam fazer, ainda que, do lado de fora da janela, o mundo explodisse silenciosamente.

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